segunda-feira, 4 de maio de 2009

Reflexão crítica sobre os Recursos Educacionais Abertos: potencialidades, oportunidades, riscos e desafios

A HISTÓRIA
Parece ser consensual reportar ao início dos anos 2000 o começo da partilha e da divulgação do conhecimento via Web e Internet, com origem em iniciativas de reputadas instituições do Nordeste dos E.U.A.:

  • a Harvard University, a mais antiga instituição de ensino superior nos EUA, fundada em 1636 em Cambridge, estado de Massachusetts;

  • a Yale University, em New Havens, estado de Connecticut, fundada em 1701;

  • o Massachusetts Institute of Technology, MIT, fundado em 1861, também em Cambridge.


A iniciativa do MIT em promover o OpenCourseWare, MIT OCW, juntamente com o movimento de software livre, Open Source, estimulou a ideia de divulgar o conhecimento de forma livre e aberta, num conceito que viria a chamar-se “Open Educational Resources”, OER, traduzido para
Português por Recursos Educacionais Abertos – REA.


A disponibilização de recursos educacionais abertos é a actual realidade no ensino à distância, outrora veiculados por correspondência, e também por via rádio e televisão. Com o acesso online é possível levar cursos e conteúdos, de forma livre e aberta, a qualquer lugar sem restrição de horário. A ideia e a imagem subjacentes aos Recursos Abertos, é a de criar um Universo onde Todos lhes tenham acesso, produzidos de modo colaborativo, com custos repartidos e decrescentes, de modo a poderem ser considerados desprezáveis.


Porém, os Recursos Abertos levantam questões dos pontos de vista Económico e Jurídico: questões da Propriedade Intelectual, os Direitos de Autor, e questões do Direito à Cópia, Copyright.


No nosso País coube à Universidade Aberta (UAb) o lugar de pioneira em REA, fundada que foi em 1988; é uma instituição de ensino superior público vocacionada para o ensino a distância; a UAb tem promovido acções relacionadas com a formação superior e com a formação contínua, contribuindo igualmente para a divulgação e a expansão da língua e da cultura portuguesas, com especial relevo nos países lusófonos e em comunidades lusófonas.
No ano lectivo 2008-2009, a UAb tornou-se na primeira e única universidade (pública) em Portugal a leccionar todas as licenciaturas e mestrados pela Internet, em regime de e-learning, através de um Modelo pedagógico virtual inédito no País e nela desenvolvido.


O QUE SÃO “RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS” - REA
Os REA correspondem à tradução da Língua Inglesa de “Open Educational Resources” de sigla OER, termo que, pela primeira vez, foi usado em conferência da UNESCO em 2002. São “por definição” os recursos de ensino, aprendizagem e pesquisa, de uso livre sob licenças adequadas e
disponibilizados para a Comunidade Académica em geral. Sob a designação de REAs estão abrangidos muitos produtos e muito diversos, numa extensa lista, de que são exemplos cursos completos, material didáctico, compêndios, livros de texto e de exercícios, vídeos, software, diversos suportes de informação e conhecimento.


Autores há que classificam os REA segundo a sua função no processo ensino-aprendizagem: recursos de aprendizagem, recursos para apoiar professores, e recursos para garantia de qualidade. Os conteúdos abertos (open content) constituem a parte principal (a parte visivel) dos REA. Os demais componentes, software, ferramentas de busca, licenças de uso, existem para dar apoio à disponibilização dos REA. O desenvolvimento na produção de software livre, open source, veio incrementar os REA.


A disponibilização de conteúdos à Comunidade faz-se por Ambientes Virtuais de Aprendizagem, AVA, ou sistemas de Gerenciamento de Aprendizagem, SGA, sendo recomendado que eles integrem projectos sob licença FLOSS, do qual o Moodle é exemplo e amplamente utilizado a nível mundial, quiçá o mais utilizado. As licenças FLOSS referem-se ao conceito de software livre, Free, Libre and Open Source Software.


O PRESENTE E O FUTURO
A velocidade a que se desenvolvem as técnicas de comunicação e de
informação imprime-lhes mudança veloz, e criam novos hábitos que
rapidamente absorvem em milhões de fãs. São exemplos de reconhecido
sucesso as Aplicações do Skipe, da Wikipédia, do TouTube. E, num processo
idêntico ao da bola de neve, irão arrastar consigo a mudança para novos modelos
e novas necessidades de ensino-aprendizagem.


AS POTENCIALIDADES, AS OPORTUNIDADES, OS RISCOS, OS DESAFIOS! E AINDA ALGUMAS PREOCUPAÇÕES!
Estes aspectos em Título estão exaustivamente descritos e comentados nas já infindas experiências implementadas por todo o Mundo, realçando as potencialidades e as oportunidades, e alertando para os riscos e para os desafios!


É difícil a escolha de recursos adequados a qualquer Projecto, pois no mar de Recursos infinitos é preciso conhecer o bastante para, depois de haver ideias claras acerca do que se pretende, ser possível fazer-se a escolha da ferramentas adequadas para que os objectivos projectados sejam
alcançados.


Porém, creio que é de esperar que a reacção à implementação dos REA, em áreas até agora não aplicadas, dependa da Educação e da Cultura dos Povos, pelo menos numa fase inicial em que o ensino Online não esteja generalizado.


O Blended Learning e o Ensino Online retiram, em parte ou no todo, o contacto Humano e a Educação Humana ao vivo, mas propiciam o contacto e a “convivência” virtual. São dois Valores e duas vivências distintas; é mau perder a primeira (o contacto Humano), mas é bom ganhar a segunda; porém, nenhuma delas é alternativa à outra!


É sabido que “só podemos ensinar a quem quer aprender”; e, se isto é verdade perante o Ensino Presencial, sê-lo-á ainda com maior verdade no Ensino Online! Levado a qualquer lugar e a qualquer hora, o Ensino Online serve a estudantes trabalhadores e àqueles que, por dificuldades diversas, e até por opção, não se acercam do Ensino Presencial.


A adesão e a prática do Ensino Online exige atitude voluntariosa, bem maior do que a de entrar numa sala de aula ao estilo de “Maria vai com as outras”. Por isso creio agora que o Ensino Online não serve estudantes preguiçosos e cábulas, e, de um modo geral, não serve a quem têm por hábito, ou método, acumular matérias até à porta dos exames.

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